Trânsito

Com maior adesão a motos, faixas exclusivas ganham as cidades

Nos últimos dez anos, houve crescimento de 50,9% no número de habilitados com a Categoria A no Brasil. São Paulo vem implantado o projeto ‘faixa azul’ para atender essa alta. Veja resultados

Crédito: Daniel Castellano / Prefeitura de Curitiba-SMCS

A alta nos preços dos combustíveis e a crise econômica levaram a uma mudança comportamental no trânsito. O transporte coletivo começou a retomar as quantidades de passageiros verificadas antes da pandemia da Covid-19, e as motos, mais econômicas do que os automóveis, passaram a ser alternativa para quem quis se manter no transporte individual e, ao mesmo tempo, gastar menos com o combustível. Esse cenário impulsionou o mercado de produção de motocicletas e levou gestores públicos a buscarem medidas para harmonizar o trânsito em importantes vias das capitais.

Nos últimos dez anos, houve crescimento de 50,9% no número de habilitados com a Categoria A no Brasil. Até o final do ano passado, 35,2 milhões de pessoas estavam aptas a conduzir veículos motorizados de duas ou três rodas. Em 2012, havia 23,3 milhões motociclistas no Brasil. Os dados são da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo).

A prefeitura de São Paulo, através da CET, implantou em janeiro deste ano uma faixa exclusiva para motos na Avenida 23 de Maio, na zona sul da cidade.  O corredor tem 5,5km e fica entre a Praça da Bandeira e o Complexo Viário Jorge João Saad. A estimativa é de que 50 mil motos por dia trafeguem nessa avenida.

Até junho, a CET contabilizava uma adesão à faixa próxima de 90% nos horários de pico. E os congestionamentos diminuíram 35% por conta da diminuição das trocas de faixa pelas motos, o que aumenta a desaceleração e aceleração dos demais veículos.

Esses números levaram a Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN) a aprovar pedido da CET para implantar o projeto em outros três corredores – totalizando mais 14,5km. Ganharão a faixa azul o corredor de 4km formado pelas avenidas Santos Dumont, Tiradentes e Prestes Maia, no trecho compreendido entre a Ponte das Bandeiras e a Praça da Bandeira, a Avenida Rubem Berta, entre o complexo viário João Jorge Saad e a Avenida dos Bandeirantes, com extensão aproximada de 2 km, e a Avenida dos Bandeirantes, em ambos os sentidos, entre a Via Marginal do Rio Pinheiros e o Viaduto Ministro Aliomar Baleeiro, com extensão aproximada de 8,5 km.

Contraponto

Se por um lado a adesão e os índices de congestionamentos estão satisfatórios, por outro ainda há uma preocupação quanto à segurança viária.

Em 2013 e 2014, por exemplo, a própria CET havia desistido de projetos semelhantes na cidade justamente por ter verificado um aumento nos acidentes com motos. Especialistas apontam que a sensação de segurança nos corredores deixa os motociclistas mais desatentos e propensos a empregar maior velocidade quando trafegam nesses espaços.

Em geral, infelizmente, a alta na adesão às motos vem acompanhada também da alta de acidentes. Dentro da Faixa Azul, de acordo com dados da própria CET, foram 21 acidentes de janeiro à junho — 11 deles com vítimas leves. Nenhum com gravidade.

Mas levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostrou alta nos acidentes graves envolvendo motocicletas neste ano. Entre janeiro e julho de 2021, foram 71.344 acidentes graves envolvendo a internação de motocicletas registrados no Brasil. Isso significa 54% de todos os incidentes de alta gravidade ocorridos nas vias brasileiras.

Para mudar esse cenário, precisamos de investimento em educação, infraestrutura e tecnologia.

O controle dos limites de velocidade é uma das saídas para contribuir que projetos como a Faixa Azul atinjam resultados satisfatórios também na segurança viária.

A DATAPROM desenvolve soluções semafóricas e de monitoramento que trazem maior fluidez e segurança nas vias. E apoiamos ações que levem maior conscientização para o trânsito brasileiro.

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