O excesso de velocidade e o desrespeito aos limites das vias estão entre as maiores preocupações da Organização Mundial da Saúde quando o assunto é segurança viária. De acordo com o órgão, as colisões de trânsito matam 1,2 milhão de pessoas em todo o mundo por ano. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 30 mil vidas foram perdidas no trânsito em 2019.
Levando em consideração esses dados, a organização recomendou que gestores públicos adotem urgentemente medidas para desacelerar o trânsito e fazer cumprir os limites de velocidade.
Cidades como Londres, Nova Iorque e Tóquio, por exemplo, adotaram ações nesse sentido. Mas aqui no Brasil essa também é uma tendência. São Paulo e Curitiba, por exemplo, seguiram a mesma linha, a despeito de certa impopularidade da medida em alguns setores. A recomendação da ONU, feita através da Declaração de Estocolmo de 2020, é de que o limite máximo em vias urbanas com grande concentração de pedestres seja de 30km/h.
A capital paulista, há menos de dois meses, reduziu as velocidades de mais 24 de suas vias de 50km/h para 40km/h. A medida foi tomada diante da alta de 2,5% nos acidentes com mortes na cidade no primeiro trimestre de 2021.
Estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que a chance de um pedestre morrer em caso de colisão aumenta conforme a velocidade do veículo. Se o veículo estiver a até 30 quilômetros por hora, o pedestre tem 10% de chance de morrer. Se a velocidade chegar a 50 quilômetros por hora, a probabilidade passa dos 80%.
Em Curitiba, o excesso de velocidade está relacionado em 1 em cada 4 acidentes automobilísticos com morte registrados entre 2012 e 2019. Os dados são do projeto Vida no Trânsito, mantido pela prefeitura local. Nesse período, 1.605 pessoas morreram no trânsito da cidade – ou seja, pelo menos 400 vidas foram perdidas pelo desrespeito aos limites da pista.
Apesar dos dados alarmantes, a capital paranaense tem registrado queda no total de vítimas fatais no trânsito. A redução foi de 42% considerando os óbitos registrados em 2011 (310 casos) e 2020 (181). O período coincide com a implementação de uma política de redução nas velocidades de suas vias. A meta estipulada pela ONU é reduzir em, pelo menos, 50% as lesões e mortes no trânsito no mundo nos próximos anos.
Reduzir sim. Mas como fiscalizar?
Uma publicação da Universidade de São Paulo apontou a importância do radar para diminuir os acidentes de trânsito. Os pesquisadores confrontaram os acidentes e as posições dos radares ocorridos nos meses de fevereiro entre 2016 e 2019. E a conclusão foi de que a quantidade de acidentes cai conforme aumenta a distância para os monitores de velocidade. Em um raio de até 50 metros do radar, os índices foram sempre menores.
E como a tecnologia ajuda nisso?
A eficiência dos radares está diretamente ligada à redução da violência no trânsito. Por isso, a importância da renovação tecnológica constante. Os radares veem evoluindo ano após ano, com sistemas mais precisos e eficientes. E Curitiba, capital do Paraná, começou no mês de agosto a acompanhar essa mudança tecnológica com a substituição dos seus equipamentos.
A escolha foi por uma tecnologia baseada em ondas doppler, capazes de ampliar a área de fiscalização e sem a necessidade de intervenção no asfalto para instalação. A decisão é mais um passo dado pela cidade para tornar o trânsito mais seguro.
A DATAPROM faz parte do Consórcio Monitora Curitiba, que instalará os novos radares por ondas doppler em 402 faixas de rolamento da cidade em substituição aos equipamentos atuais que têm mais de 10 anos de operação.
São dois os tipos de equipamentos previstos em contrato. Um deles tem apenas a funcionalidade metrológica para fiscalização de excesso de velocidade. O outro também fiscaliza avanço de sinal, parada sobre a faixa de pedestre, conversão ou retorno proibidos, tráfego em faixa exclusiva para ônibus e deixar de conservar o veículo em faixa a ele destinada.
Na prática, após a conclusão da instalação, todos que trafegarem em vias da cidade de Curitiba serão detectados pelos novos radares. Até mesmo o meio-fio estará monitorado!
A modernização dos radares é um dos pilares do projeto de Muralha Digital da prefeitura de Curitiba, que prevê a integração das câmeras por um software de segurança para traçar rotas de veículos suspeitos e emitir sinais de alertas ao sistemas de segurança pública.