A pandemia da Covid-19 empurrou milhões de pessoas para o desemprego, informalidade e isolamento durante mais de um ano. Aos poucos, a economia vem reabrindo. Mas um dilema se acentuou: como se deslocar sem se arriscar em aglomerações típicas do transporte coletivo ou engarrafar ainda mais as cidades ao colocar mais carros nas ruas? Uma das saídas recomendadas pela OMS e, pelos números, adotada pela população parece ser o transporte sobre duas rodas, mais especificamente a bicicleta.
De acordo com dados do setor, houve aumento tanto na produção quando nas vendas desse modal, isso mesmo em meio a um grave cenário de crise econômica causado pelas medidas de restrição. Veja dados no final do texto.
O Plano Nacional de Mobilidade Urbana instituído em 2012, ou seja, há quase dez anos, já preconizava que os planos municipais deveriam ter foco ‘no transporte não motorizado e no planejamento da infraestrutura destinada aos deslocamentos a pé e por bicicleta’. Em regra, porém, a estrutura cicloviária da maior parte das cidades brasileiras ainda é insuficiente para fazer das bikes um modal em que a maior parte da população se sinta segura em usá-la como meio de deslocamento diário.
Um levantamento realizado pela Globo News e portal G1 mostrou que o país tinha pouco mais de 3,2 mil quilômetros considerando as capitais e o Distrito Federal em 2018 – 133% a mais do que há quatro anos. Mas ainda apenas 3% equivalente à malha viária dessas cidades. Amsterdã, que tem pouco mais de 800 mil habitantes, tem mais de 700 quilômetros.
E os holandeses também se destacam pela tecnologia.
Roterdã, por exemplo, tem semáforos inteligentes que priorizam o tráfego de bicicletas. Basicamente, o tempo de vermelho para as bikes é reduzido à medida que o sistema detecta um volume grande delas aguardando para cruzar a via. Esse cálculo é feito através da medição da quantidade de calor. Quanto mais bicicletas juntas, maior o calor produzido pelos ciclistas.
E por aqui?
A DATAPROM, por exemplo, tem uma solução semelhante. Mas hoje ela é aplicada principalmente para o transporte coletivo e viaturas oficiais. Por meio de tags instaladas nos veículos, o semáforo reconhece a aproximação deles e é reprogramado automaticamente para priorizá-los no cruzamento. Descubra mais sobre a prioridade seletiva e outros sistemas inteligentes da DATAPROM para os ônibus.
Curitiba também já testou outras tecnologias que pudessem tornar o ato de pedalar mais acessível e seguro. Em 2018, a capital paranaense implementou em caráter de testes um sistema de leds na ciclovia do Centro Cívico que era acionado pela energia produzida através do atrito entre a roda ou calçados e o piso.
Soluções tecnológicas existem. Um projeto de prioridade como a de Roterdã, por exemplo, não seria de todo ruim por aqui!
A bicicleta na pandemia
De acordo com dados da Abraciclo, nos cinco primeiros meses de 2021, a produção de bicicletas foi de 288.943 unidades, alta de 42,6% em relação ao mesmo período do ano passado (202.581 unidades).
A Aliança Bike também já mostrou aumento nas vendas. No ano passado, o acréscimo foi de 50% em relação às vendas registradas em 2019.
Esses dados corroboram recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontou a bicicleta como meio ideal de locomoção durante a pandemia, por de alguma forma manter o distanciamento social e, ao mesmo tempo, não piorar índices de poluição do ar e de congestionamento nas grandes cidades.
Cidades ao redor do mundo instalaram ciclofaixas temporárias como forma de estimular e garantir mais segurança a quem optou por se deslocar com bicicletas durante a pandemia da Covid-19. Há exemplos dessas estruturas em cidades como Paris, Berlim, Barcelona, Milão, Londres, Leicester, Buenos Aires, Lima e Bogotá. No Brasil, Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro e Fortaleza também implantaram soluções semelhantes.