Crédito: Daniel Castellano / Prefeitura de Curitiba
O transporte coletivo por ônibus é considerado uma solução para reduzir congestionamentos e índices de poluição, mas ele tem perdido tempo e passageiros nos últimos anos enquanto fica preso nos congestionamentos das grandes cidades. Mas há uma saída para isso. Especialistas apontam que o planejamento, aliado à tecnologia, pode fazer o setor voltar a ser atrativo e eficiente – mesmo ainda em um cenário de retomada econômica.
Em Curitiba, por exemplo, a priorização semafórica chegou a ser instalada nos eixos das oito linhas de BRT da cidade. Atualmente, o biarticulado tem preferência de passagem em 74 cruzamentos da cidade. Mas o potencial é maior. Pelo menos 300 cruzamentos, considerando todas as linhas com vias exclusivas de expresso, poderiam neste momento já receber a tecnologia.
Um levantamento realizado pela operadora do sistema na capital paranaense, a Urbs, mostrou que a linha Ligeirão Boqueirão sentido Centro passa direto em 80% dos cruzamentos no horário de pico (27 dos 33 semáforos do trajeto). No pico da manhã, por exemplo, o tempo total parado em semáforo ficou em apenas 2 minutos na época do levantamento.
Entre as cidades que já dispõe da solução, Goiânia é a que tem a menos tempo. A previsão é de que a implantação dos 21,17 km de um corredor de BRT que cruzará o eixo norte-sul da cidade seja concluída ainda no segundo semestre deste ano. Serão mais de 70 cruzamentos com a tecnologia instalada pela Dataprom.
Para Octávio Cunha, presidente executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a segregação e priorização do transporte coletivo o torna mais eficiente.
“O custo do transporte hoje é 25% mais caro apenas por causa da perda da velocidade operacional dos ônibus que ficam retidos no congestionamento, sem nenhuma prioridade na via. O transporte público é mais eficiente, com regularidade.”
DADOS
De acordo com dados do Denatran, a frota de veículos no Brasil que cresceu 63% na última década – passando de 67 milhões em 2011 para mais de 109 milhões em 2021. Apesar de ocuparem 70% do espaço nas vias, os automóveis transportam, em média, apenas 20% da população diariamente. Essa distorção traz prejuízos. A Federação de Indústrias do Rio de Janeiro (Firjam) calculou que os prejuízos dos congestionamentos na capital fluminense giravam em torno de R$ 29 bilhões em 2013, conta que poderá ultrapassar os R$ 40 bilhões no próximo ano.
E o cenário se torna ainda preocupante com os números do transporte coletivo. Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o setor perdeu 36% dos passageiros pagantes transportados entre 2013 e 2019 – passando de 400 milhões por mês para 294 milhões.
Como Funciona o Sistema de Prioridade Seletiva
A ideia da priorização semafórica inteligente é que o ônibus sempre tenha prioridade na passagem pelos cruzamentos. Ao reduzir o tempo de parada, a linha ganha velocidade média operacional, reduzindo o tempo de viagem para o passageiro e consequentemente os custos do sistema. Conheça mais sobre os soluções para BRT da Dataprom.
Em média, o tempo de verde pode ser estendido de 1s a 15s quando o ônibus passa sobre os sensores instalados sob o asfalto. Se o estágio semafórico estiver em amarelo ou vermelho, um percentual de redução desse tempo é pré-programado para que o veículo fique menos tempo parado.
Previsibilidade x Custos
A condição de atraso ou adiantamento do BRT é avaliada pelo software em cada viagem, permitindo que o estado de cor ou tempo semafórico sejam adequados à condição específica. Uma configuração bem ajustada permite que o veículo passe os cruzamentos semaforizados sem parar.
Se o BRT estiver adiantado, o controlador semafórico deixa de fazer a prioridade para o veículo se ajustar à tabela de horário. Isso traz previsibilidade à operação do sistema, o que também ajuda a reduzir custos, baratear a tarifa e atrair mais passageiros ao sistema.
