Cidades Inteligentes

Função de cobrador em xeque; saiba o motivo e onde ela já foi extinta

Pesquisa realizada pela NTU mostrou que pelo menos 32 cidades brasileiras já extinguiram totalmente a função (veja quais no texto). Saiba por que isso está ocorrendo.

Porto Alegre aprovou no mês de setembro um projeto de lei que prevê a extinção da função do cobrador até 2026. A promessa é de que a medida seja feita de forma gradual e sem demissões. Curitiba já tem uma legislação aprovada no mesmo sentido. E a última pesquisa realizada pela Associação Nacional das Empresas de Ônibus mostrou que pelo menos 32 cidades brasileiras já haviam extinguido totalmente a função (veja mais no final deste texto). A ampliação dos sistemas de bilhetagem eletrônica e uma mudança cultural no hábito de pagar ajudam a explicar esses números.

Em Porto Alegre, por exemplo, 79% das tarifas são pagas com o cartão. Desde 2019 que a capital gaúcha registra mais de 70% dos pagamentos com cartão no transporte coletivo. Curitiba tem, em média, 60% dos pagamentos com cartão transporte. Em São Paulo, o Bilhete Único responde por mais de 90% das tarifas pagas – fruto de incentivos como a integração temporal e descontos para troca de modais.

Outro fator que pesa nessa decisão é o gasto com pessoal suportado nas tarifas do transporte coletivo. Ainda mais em um momento de queda vertiginosa dos passageiros pagantes devido à pandemia do novo coronavírus. Mesmo com o retorno gradual das atividades econômicas, a maior parte dos sistemas ainda não retomou a oferta de antes do Covid-19.  E a função do cobrador tem um peso dentro da tarifa paga pelo passageiro.

Porto Alegre perdeu 57% dos passageiros transportados, mas mantém 2.752 cobradores em atividade – mesmo com quase a integridade das passagens sendo pagas com o cartão transporte. Segundo informações da Coordenação de Planejamento de Operação de Transporte, da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o sistema do município terá uma redução de R$ 0,70 no custo da tarifa com a retirada integral dos cobradores.

Em Curitiba, são 2.800 cobradores. Se eles forem retirados apenas dos ônibus, a economia na tarifa será de R$ 0,40. Considerando todos os postos de trabalhos – inclusive os das estações-tubos, essa economia pode chegar a R$ 0,80.

Uma lei aprovada em 2019 pela Câmara dos Vereadores de Curitiba não prevê a extinção da função, mas sua redução a partir da ampliação da quantidade de linhas que deixará de operar com o cobrador. A capital paranaense já havia começado esse processo em 2014, quando os micro-ônibus passaram a aceitar pagamento apenas com cartão-transporte. No ano passado, a prefeitura divulgou outras 29 linhas que deixariam de ter o cobrador. A transição completa ocorrerá até 2023, segundo informa o próprio município.

Bilhetagem Eletrônica

Os sistemas para pagamento eletrônico da tarifa do transporte coletivo têm evoluído ano após ano, com tecnologias de controle e segurança cada vez mais eficazes e mais opções de recarga de créditos nos cartões-transporte.

A cidade de Curitiba, recentemente, modernizou seu sistema de bilhetagem. Foram substituídos mais de 2 mil validadores em estações-tubo e ônibus por equipamentos mais modernos, capazes de checar a biometria facial para fazer o controle de gratuidades e aceitar o pagamento com cartão de crédito e outros sistemas de pagamento baseados na tecnologia chamada NFC (Near Field Communication).

Recentemente, a capital paranaense também passou a aceitar a recarga com pagamento via Pix. O procedimento é realizado através de uma conversa por WhatsApp. O Sistema de Bilhetagem Eletrônica da cidade é fornecido pela DATAPROM.

Covid-19 e o transporte coletivo

O transporte coletivo vive uma crise financeira agradava pela pandemia do novo coronavírus. O setor perdeu cerca de 40% da sua demanda. Mas a oferta se manteve próxima dos 80% da normalidade. Essa disparidade, disse a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), fez a dívidas do setor público com os operadores passar de R$ 14 bilhões. A redução de custos operacionais, portanto, é apontada como uma das estratégias para que o sistema volte a ser atrativo aos passageiros.

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