Imagine uma cidade cercada por observadores para identificar entradas e saídas suspeitas a ajudar a prevenir possíveis crimes. É assim que Campo Largo está atualmente: cercada! Mas não é por pessoas e nem isolada por bloqueios de acesso. Tudo isso é feito por uma central de inteligência que coordena câmeras instaladas em pontos estratégicos de acesso ao município, capazes de fornecer imagens e estatísticas, analisar comportamento dos moradores e cruzar essas informações com um banco de dados dos veículos e proprietários.
E essa central já começou a mostrar resultados. Houve, por exemplo, redução de 63% no total de roubos e furtos de veículos no município nos sete meses subsequentes à instalação do projeto, ocorrido em agosto do ano passado. De setembro a março deste ano ocorreram 45 ocorrências desses crimes. No mesmo período anterior, foram 120.
Isso sem contar o auxílio às investigações policiais. Devido à possibilidade de traçar perfis de deslocamento e acompanhar a distância veículos suspeitos, a Muralha Digital já ajudou a prender foragidos, desmantelar quadrilhas de roubo de carga e até a evitar a explosão de um caixa eletrônico em Balsa Nova. Foram 62 ações positivas, com 30 prisões já efetivadas.
Para Fabiano Arruda, coordenador do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (CIOSP), o sistema tem trazido grandes resultados. “Conseguimos evitar roubos a banco, a carga e até invasões a domicílio. Fora a redução nos casos de roubo a veículo, um crime que coloca em risco a vida da pessoa. A criminalidade, claro, tenta se reinventar. Mas a gente se reinventa junto. Em um jargão policial, dizemos que o crime se desloca sob rodas”.
A operação da muralha é feita a partir do CIOSP, sob responsabilidade da Guarda Municipal. Dali, o software de gestão integra os 21 pontos de coletas de informação e imagens implantados na cidade. Nesses pontos estão 12 câmeras PTZ (Pan/Tilt/Zoom), capazes de realizar movimentos pré-programados, e outras 21 fixas. Juntas, elas formam um cerco. Ninguém entra ou saí do município sem ser registrado pelo sistema.
Como funciona a Muralha Digital de Campo Largo
Mais do que uma central de monitoramento, o CIOSP é um centro de inteligência para tomada de decisão a partir do cruzamento de informações, e identificação de padrões de deslocamento de veículos e pessoas. E, claro, os alertas que ajudam a prevenir crimes. Conheça mais sobre as soluções da Dataprom para segurança pública
Os dados dos veículos e proprietários que passam pelas câmeras são cruzados com a base de informações policiais, como a existência de alertas de furto e roubo ou de mandados de prisão em aberto. A partir dessas informações, as viaturas são acionadas já com o padrão de deslocamento desses veículos. Isso possibilita uma abordagem mais assertiva.
Importante citar que a identificação do padrão de deslocamento é possível devido à disposição das câmeras. O formato de cerco ao município e também as câmeras internas que permitem saber quem entrou, por onde entrou, onde foi e quanto tempo ficou. Essas informações também geram relatórios de padrão de deslocamento, permitindo diferenciar moradores de visitantes esporádicos.
Modelo, Indaiatuba (SP) também registra queda nos índices criminais
Antes de começar o projeto da Muralha Digital em Campo Largo, o então prefeito da cidade, Marcelo Puppi (in memorian), visitou a cidade de Indaiatuba, que tem sistema semelhante desde 2012. O município da região metropolitana de Campinas também tem tido resultados.
Os crimes patrimoniais também caíram. A taxa de roubos caiu 65% entre 2011 e 2020 no município, passando de 360,00 por 100 mil habitantes para 122,24. Uma redução bem maior do que a verificada em Campinas, por exemplo, onde a queda foi de 49%.
Em entrevista ao portal do município, o prefeito da cidade, Nilson Gaspar, destacou a importância da tecnologia. “Há mais de 10 anos somamos o emprego de alta tecnologia com a valorização e treinamento de qualidade aos guardas para a prevenção e combate à criminalidade. Vamos continuar inovando para avançar ainda mais”, destacou.
O Centro de Operações e Inteligência da Guarda Civil de Indaiatuba é responsável pelo monitoramento urbano e veicular da cidade por mais de 1.200 câmeras. Desde o início do projeto, mais de 148 milhões de passagens de veículos foram registradas, e 445 pessoas foram presas em flagrantes por apresentarem problemas com a Justiça ou em flagrante.