Cidades Inteligentes

Blog Integra! entrevista Cris Alessi, da Agência Curitiba

Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, Cris Alessi defende implantação da versão 3.0 das Smart Cities. Confira detalhes na entrevista exclusiva concedida por Alessi ao Blog Integra!

Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, Cris Alessi defende implantação da versão 3.0 das Smart Cities. Nela, as cidades têm de implantar o termo visando o tripé: desenvolvimento econômico, sustentabilidade e impacto social das ações. Confira a entrevista exclusiva concedida por Alessi ao Blog Integra!

Integra: A tecnologia sempre vem à mente das pessoas quando se pensa em smart cities. Como um país em desenvolvimento como o Brasil pode superar barreiras socioeconômicas para implementar esse conceito em suas cidades?

Alessi: O desenvolvimento econômico é uma consequência [da implementação de soluções inteligentes]. Um ambiente com baixo desenvolvimento, por exemplo, pode ser trabalhado para melhorar esses indicadores a partir da atração de talentos. E a consequência disso é um maior desenvolvimento econômico. A gente sente isso em Curitiba. Vínhamos de um histórico de alguns anos de perda de empresas e de baixa retenção de talentos. Quando nos reposicionamos, a cidade se transformou. As empresas do Tecnoparque, por exemplo, já superaram neste ano a marca dos dois últimos anos em pesquisa e desenvolvimento.

 

Integra: Como a Agência tem trabalhado esse conceito dentro de Curitiba?

Alessi: O conceito de cidades inteligentes é um termo que surgiu nos anos 90, muito influenciado pelas Big Techs para expandir seus produtos tecnológicos ao redor do mundo. Mas hoje esse termo foi ampliado para uma ação que leva em conta o desenvolvimento econômico da cidade, ajudando as empresas e os cidadãos e pensando o impacto social dessas medidas.

 

Integra: E quais são os maiores empecilhos para a implantação desse conceito?

Alessi: A Legislação tem sido uma barreira muito forte de entrada de inovação nas cidades. Em Curitiba, por exemplo, criamos uma lei específica de inovação para a cidade em 2018. Dela, saiu o conselho municipal de inovação para a discussão do planejamento. Ele envolve a academia e os setores produtivo e público. Os governos estaduais também têm feito isso. O governo do Paraná, por exemplo, acabou de aprovar uma legislação nesse sentido.

 

Integra: Na prática, o que as licitações precisam passar a prever para termos soluções mais inteligentes das cidades?

Alessi: Temos trabalhado com novas formas de contratação e licitação. O contrato do transporte coletivo, por exemplo, é o próximo a ser discutido. Ele deverá ter 30 anos. Teremos de dizer que não compraremos o ônibus em si, mas a estrutura de mobilidade. Ainda hoje há processos em que tenho de dizer quase a cor do sensor. E isso precisa ser discutido. Agora, estamos a porta do leilão do 5G. Qual cidade está preparada? Estamos trabalhando no novo decreto de antenas para começar a nos preparar para o que virá pela frente.

 

Integra: Você tem algum exemplo de como esse modelo de compra está ficando ultrapassado?

Alessi: Temos uma herança da compra de câmeras para a Copa do Mundo, compradas em 2014. Hoje elas não funcionam para reconhecimento facial e, consequentemente, para o projeto da Muralha Digital. E não podemos mudar essas câmeras [neste momento].  Acabamos tendo um investimento enorme nesse parque de hardware. E de 2014 para cá são apenas seis anos. E hoje já precisamos fazer uma nova compra para atender esse requisito de segurança pública.

 

Integra: Agora, gostaria que nos contasse um pouco sobre como funciona o trabalho da Agência Curitiba?

Alessi: Tem dois pontos fundamentais no trabalho da Agência, um é conceitual, e muito perceptivo, que é a agência sendo o interlocutor entre o público e privado. Outro ponto é a prática. Em 2018, a Agência propôs a retomada dos incentivos fiscais através do Tecnoparque. Reduzimos o imposto do INSS para empresas da área ‘tec’ de 5 para 2%. Essa simples redução resultou em mais de R$ 160 milhões em benefícios a cerca de 100 empresas. São recursos que deixaram de vir para a prefeitura e foram para negócios. Em 2021, já foram mais de R$ 30 milhões em incentivos fiscais.

E ainda tem um valor de emprego, Curitiba é a segunda capital que mais gerou empregos de 2019 para cá. Isso mostra que o crescimento das empresas tem sido eficiente. Somos uma empresa de economia mista, ligada à prefeitura, e nosso papel é essa interlocução com o foco nas startups. Já somos um polo de unicórnios fora do eixo Rio-São Paulo. Temos dois unicórnios em Curitiba e mais dois na fila [nota da redação: uma empresa é considerada um unicórnio quando ela passa a valer $ 1 bilhão ou mais.

 

Leia também a entrevista com o professor Rodrigo José Firmino, membro-fundador da rede latino-americana de estudos sobre vigilância, tecnologia e sociedade (LAVITS)

 

Entenda os 5 eixos trabalhados pela Agência Curitiba

  • Investimento em Tecnologia, com digitalização de processos e infraestrutura para levar conectividade para a cidade;
  • Legislação e incentivos fiscais – modernizando processos e contratando soluções completas;
  • Investimento em reurbanização e sustentabilidade, com um olhar para novos arranjos urbanos;
  • Investimento em educação empreendedora e digital, preparando as pessoas para um mundo tecnológico;
  • Articulação do sistema de inovação, com um ambiente produtivo e atrativo para as empresas.

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